domingo, 30 de dezembro de 2012

Mais um ano que se vai, mais lições que se aprendem...

Para o findar deste 2012, deixo a mim, e a qualquer que leia estas míseras palavras,  o meu relato de, sem dúvidas, a cena mais linda deste ano:
Estava eu, a descer a rampa do supermercado, saindo do mesmo, quando, de súbito, observo no topo da rampa oposta, à minha frente, uma senhora já muito de idade em uma cadeira de rodas e, provavelmente, sofrendo de males da velhice como a esclerose. Foi o que pude notar. Quem à levava, era, sem dúvidas, seu filho. 
Ao descerem a rampa, o filho e a mãe, embalou o primeiro a cadeira de rodas e desceram rapidamente, como as crianças gostariam de fazer estando por cima dos carrinhos de supermercados. O resultado foi simples, uma alegria estampada, das mais luminosas, percorreu o rosto dolorido da velha senhora bem como do filho. 
Talvez pareça bobagem este relato, mas como é fácil trazer apraz alegria à toda gente que entende o que é simplicidade e sabe viver com ela. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tesouro sujo, cor mostarda.

Nunca fui de escrever sobre objetos. O que sempre me impulsionou, sempre me fascinou é a figura humana, em todas as suas nuances, sabores e sentimentos. Mas sinto a necessidade de por em palavras aquela casa.
Uma casa simples, metade madeira, metade alvenaria, arquitetura provavelmente do início do século passado. Mas simples.
Amarela mostarda, suja, como se estivesse esquecida.
Com certeza, despercebida, humilde.
Sua presença nunca antes notada, quase desfalecida, abandonada, como pude nunca antes tê-la notado? A presença tímida foi ganhando forma, espaço, ideia, até explodir em absoluto. Preciso conhecê-la, seus meandros, seus quartos, suas falhas.
Como pode um objeto possuir tanta atração? O que existe nesta casa que me impulsiona, que me paralisa, que me domina por completo? Ela exige-me que eu a olhe, que eu a pense, que eu a sinta, que se torne palavra falada e escrita. E em cada palavra, há outra, submersa, dizendo-me, estás maluca, estás obcecada por uma velha e imunda casa. 
Parece ser um grito abafado antes da morte,  prestes a ser demolida, prestes a ser sucumbida em suas próprias memórias. Posso acordar amanhã e ela não estará lá, como para mim, não estava antes, tudo será igual. Mas sua ideia permanecerá, sentirei sua nostalgia e sua falta. E, eu nem a conheço. Eu nem a entendo, não vi a fundo suas formas suntuosas e retas.
Desespero em não poder vê-la de perto. Quase como se meu destino estivesse atrelado ao dela, como se lá houvesse o tesouro de minha vida. Reto, ambíguo. Secreto. Inacessível. 
Sua presença será para sempre O Quase. 

sábado, 8 de dezembro de 2012

...suspiros. Estar em uma prisão sem grades... cerrar barras de ferro invisíveis! O pesadelo é a realidade, e o sonho, loucura. O próprio caminho é uma maldição. Será tão difícil assim alguém entender que o outro anseia por vida?? Perguntou-me porque as barreiras são tão sólidas e há tanta distorção. E o tempo, fiel inimigo, não passa. 
Sempre as mesmas pilhérias, sempre as mesmas redundâncias, sempre o mesmo medo. Tudo sempre igual, mesmo quando tudo muda. 
Sempre reclamações. 
Houve tempo em que elas não haviam? Difícil recordar, talvez porque, realmente, não houve, mesmo que ela tente enganar-se.
Solidão no meio de muitos: clichê. Procurando-me, procurando por ajuda, mas auxílio, da minha parte, de parte alguma, não há. 
No que eu poderia ajudar? Ninguém pode dizer a ela o que fazer. Ninguém pode lutar por ela. 
Nas contas, o fim, sempre estará só, mesmo que eu lhe diga, estou contigo. Mesmo que outro então, a pegue no colo...  Felicidade é um sentimento que ela renega, mesmo tentando buscá-la, incansavelmente. 
Apenas nostalgia em seu coração, não consigo alcançar.
Um dia, conseguirei?