quarta-feira, 21 de março de 2012

Que se passe aquele dia de felicidades falíveis

E que o fogo suspenda as dores em um trago, nas notas desesperadas de um sussurro perdido. E que o vento suspenda o tempo em um raio de sol. Que se saiba reconhecer a fragilidade dos que erram e a soberba dos que aprendem rápido, afinal o único erro é deixar passar. E que saibamos agir como se a felicidade não fosse um ideal, não fosse inatingível, não fosse necessária. Que um dia respondamos afinal, porque precisamos ser felizes? E, quem sabe possamos responder: uma má adaptação da espécime ridicularizada pelos séculos, pois não reconhecemos que a tristeza é muito mais necessária, porém traiçoeira.

Que os presos se libertem, e os libertos seja finalmente presos.

Que a roda mostre que sonhar não é tudo, mas que manter os pés no chão, não é nada.

Para que a vida morra, para que tempo regrida, e o filho pródigo vá embora, com todas as honrarias invertidas. Porque tocar no obscuro da vida é muito mais necessário do que se manter no lado da luz. Porque afinal o poeta e o cão não se distinguem, e o matemático não nos serve pra muita coisa.

As dores sempre serão doídas da pior maneira, as lembranças se esmorecem em goles, a cada dia, nos restando a essência de nós, em nossos olhos! Mas o que nós somos? Se ao nascermos somos um papel em branco, nossa essência é o nada. E que isto aqui não é mais nada que o nada.

E principalmente, que as luzes se apaguem na matéria. Que os que gritam silenciosos sejam finalmente ouvidos, que as preces se calem!!! E que a agitação não seja mais a Lei.

Tudo desaparecerá nas memórias, nos corações e no decorrer dos tempos, incluindo-se o tempo.

E que nos negar estas assertivas nos conduz em círculos inexistentes. E que afirmá-las aos quatro mundos não muda o NADA!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ausência, vazio... morte (qualquer nome na falta de um...)

O que fica sempre é vazio, como se nada, nunca, tivesse sido preenchido. Um buraco, um rombo, um roubo de alma, um desgaste de... de quê? Não há nada para ser preenchido. Não adianta embebedar-nos... estamos presos em uma realidade desgastante. Em uma falta de sentido irresistível, em uma solidão irreversível, sonhando com o vôo. Despedaçados, mas em pé, em uma teimosia infantil, determinados a luta infame. A dor permanece aguda e grave em todos os corações... Nós? Não existe nós, não existe o eu. E a angustia de não poder chorar, tão verdadeira, também não existe. Só o vazio, aquele buraco na parede, pétreo, aquele buraco de nós, vivo e insondável.