quarta-feira, 20 de abril de 2011

Inconsistente-me.

Ouvir a vida ao som do seu coração, tão certo, tão ritmado, tão livre nas suas prisioneiras batidas.

Quem sabe, poder tocá-los com minhas próprias mãos desencarecidas, sentir o pulsar de sua carne em meio as minhas unhas: coração e vida, para talvez sentir-me mente e lucidez, para talvez recuperar o brio, que ébria de morte, já perdi.

Recuperar meu próprio sangue em tua carne! Remexer as entranhas para supor alma enquanto mortal. Para enfim, supor a vida, alguma vida, qualquer vida... que reste neste miocárdio que tão lentamente insiste em aniquilar-se.

Quero escalar e escaldar a sua pele, descobrir cada filete de carnes, nervos e memórias. Quero reinventar o conceito dos teus orgãos, achar uma nova razão de ser para seus intestinos: alimentar-me jamais; e nova também para teus membros, embebedar-vos de prazer ligeiro e comovente, como a doce primavera da infância que nunca retornará, esquecendo-me, como sensação, inteira. E para teus miolos, ao invés de guardar, que sejam apenas vibrações para a completa distração e lapso.

Queria ouvir-te o que é terreno, sublime e breve, como um corpo que apodrece para o esquecimento.

domingo, 10 de abril de 2011

Sobre cantigas de escárnio e de maldizer de la modernité...

Vivendo nos interstícios é que a mosca do escárnio se acopla, não é nem animal, nem objeto. Nunca esta a posse. É posse. Suga-lhe as diretrizes auriculares da vida. Em sem perceber o sujeito renega-se a própria vida, em causa do maldizer alheio.

- Tira essa película cinza escárnio dos teus olhos. As teias que prendem são lançadas por ti mesmo. Zombaria-se dos outros, pobre lúdico; seu desejo é sua própria maldição. Pútrido!