sexta-feira, 31 de maio de 2013

A Verdade do Homem


'A vida adora me dar chutes no estomago', pensou, quando sentado em frente ao espelho.


Mas não seria ele quem cria essa realidade assim como o espelho cria a sua imagem? Imagem dotada de verossimilhança, à medida que o próprio homem a ser refletido se reconhece. Não é a realidade.
É um mundo completamente igual, aos olhos do expectador, mas reserva a sua diferença à medida que a imagem não emite sons e transparece emoções mudas, sem perspectiva, tal qual um fantoche.
'Somos nossas próprias marionetes!', disse em voz alta, depois de minutos de introspecção. E o homem a sua frente apenas mexeu os lábios.
Suas rugas seriam exatamente as rugas que ele vê, seus olhos realmente seriam caídos, dando a noção de cansaço que sempre encontrou em si? Só se reconhece a medida que o espelho reflete as características que ele julga possuir, e que outros, assim também o fazem.
'Aparência, outros nos julgam segundo o que podem entender de nós, e assim, também nos julgamos'. É como se a vida inteira fosse falsa. Como se todos nós fossemos uma falsidade inócua. É que existem paralelos: a vida que julgamos viver, de acordo com nossas aparência de mundo e si, e do outro lado, a vida. Vida real? A partir desta ideia, pressupõe-se que vários mundos existem, e a cada segundo o homem cria mais um, quando marioneteia-se diante de outros olhos e dos próprios.


Cansou da auto-contemplação, quebrou o espelho e resolveu, de imediato, pregar a falsidade do universo, como único dogma verdadeiro.


Um comentário:

Anônimo disse...

Quando se está apenas diante do Universo não existe falsidade, nem verdade, apenas há o Ser de cada coisa, o resto é efêmero.