Clarificar: do latim clarificare; tornar claro, límpido; esclarecer; elucidar.
Um tempo para clarificar ideias, emoções, situações... jogar fora o impuro e o ranço de outrora. Uma iluminação, nada divina, apenas pautada em uma racionalidade que lhe é opcional.
Foi assim que a sua forma feminina decidiu iniciar uma nova etapa, com certos objetivos ainda não traçados, mas muito bem definidos, pautados em renúncia e desapego, mas com fundos egoísticos bem... digamos, clarificados.
O verbo de ação seria morrer. Loucura? Certamente não, o louco é o medíocre, o que aceita o cotidiano e os ditames dessa contemporaneidade tão arraigada nos corações. E não se trata de uma sacralização, nem, em outros termos, uma banalização deste estado, por vezes patológico, que já muito ocorre. Mas sim voltar a bestialidade bruta, selvagem, a fim de se chegar a um (em termos) livre conhecimento de si e do mundo.
Seria um ano sem conversas, datas comemorativas, moradia, dinheiro, televisão. Um ano estando no mundo sem nada dele o possuir. Estando decidido o "disparo" foi dado. Um ano em que o mundo viveria em ela, e nenhum mísero detalhe necessitaria de sua existência, ou não.
Como seria o regresso? Doloroso? Difícil com certeza... porém, mais puro, ao menos na sua concepção.
Mas nunca imaginou que a primeira vivência dessa nova vida (ou subvida) seria assistir ao sofrimento daqueles que vivenciariam a sua partida e teriam que re-aranjar suas vidas sem ela. A dor da perda de si e a dor da perda do mundo lhe abateu.
E se você pudesse morrer, por um ano e voltar, você aceitaria o desafio??