terça-feira, 3 de abril de 2012

Enquanto isso, no escritório...

– Desculpe, o que você quer é um mero detalhe, você é uma peça na engrenagem, só isso, para o mundo você não vale. Você é... substituível, por isso, trabalhe, trabalhe, trabalhe...!

– Você não entendeu Senhor, eu sou um artista!

(Silêncio)

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, então...
Esse seu texto me fez lembrar o filme "Emile Zola" - que eu nem me lembro mais o nome do diretor, nem o ano... (não tenho talento pra ser crítico de cinema, nem talento pra ser intelectual -;
mas, enfim, não sei se vc já assistiu o filme, ou não. Ah, não importa, eu vou te contar do mesmo jeito...rsss

Numa determinada parte do filme, bem no começo, mostra o Emile Zola ainda jovem tentando ser reconhecido como escritor, mas ele era um desconhecido, ainda um fracassado, ele andava como um mendigo, passava fome e frio junto com o amigo dele, o pintor Paul Cezanne, que também ainda não tinha sido reconhecido; daí o Zola arruma um emprego numa livraria pra não morrer de fome, mas ele só queria mesmo era ler os livros de lá e nem dava atenção aos clientes; o patrão, puto da cara com ele, foi xingar... Zola, com toda a liberdade e coragem que só a juventude dá, perdeu a cancha e mandou a merda - preferia passar fome a ser parte daquilo tudo; um dia, disse ele, as pessoas iriam até lá, na livraria, pra comprar os livros dele. O que de fato aconteceu...
Depois que o Zola ficou famoso e rico, ele convidou Cezanne pra ir a casa dele pra jantar, e depois do jantar, ele ficou mostrando pra ele toda a riqueza que conquistou, as porcelanas da china, a tapeçaria oriental... E, Cezanne, mesmo reconhecido, mantinha uma aparência e uma vida asceta. Claro, ele reprovou a atitude de Zola, que por sinal não conseguia mais escrever como antes, pois não tinha mais a inspiração, ou seja, os problemas e a pressão da fome e do frio. Cezanne vai criticar duramente Zola por ter se tornado um burguês, uma rainha gorda, por ter perdido toda a concepção de arte, de luta revolucionária através da escrita. E daí Zola entra numa crise... o filme continua... e ele vai se engajar no caso da prisão do capitão Dreyfus, pois ele foi preso injustamente por ser judeu...

O seu texto liberou esse fragmento da memória que tive desse filme, a questão da verdadeira arte e do verdadeiro artista não pertencerem ao universo do prático - das engrenagens maquiavélicas do sistema ganancioso -, eles jamais vão se unir e serem conivente com o mundo, pois a arte é o rompimento e a crítica a toda forma de alienação e opressão das nossas vidas...

Enfim, aguardo outros trabalhos seus aqui no blog... sempre entro aqui pra ver e ler novidades...
Se tiver coisas aí,ó, publica que a gente lê...


Do
"Leitor anônimo".

K. disse...

Vou procurar o filme para assisti-lo, não o conheci e me interessei! Obrigada pelo comentário, como sempre!