segunda-feira, 30 de abril de 2012

Amor?

Tantos nomes, tantos corações, amar as pessoas como se não houvesse amanhã, Renato? Sim, meu coração é maior que o mundo, Raimundo, compreende uma gama de paixões, emoções e amores... Mas o mundo não é tão grande assim, e nem eu sou. Sou mísera partícula em constante choque com o universo. O que é um grande caos, que, por sua vez, não gera estrela alguma. Ao menos nunca vi uma, Sr. Filósofo. Só tento a pensar que todo o caos tende a explodir, e após as explosões o que acontece? O nada surge com sua grande resposta. Mas desta resposta eu não preciso.
Sim, eu amo esse caos e vivo, sem dúvida, mais internamente do que externamente, é lindo o Jung dizer coisa parecida, mas a beleza não salva porra nenhuma não, caro Russo, e com o perdão da palavra. Estou acordada para o sonho da vida, mas quem irá me acordar do meu sonho da alma? Será que é apenas um sonho, o tempo, o tempo... águas que inflamam, cegam, e no final surge uma flor? Não. É como a cegueira branca de Saramago, traz o caos ao seu extremo, e no final é tudo lixo e destruição que se vê. Mas eu não quero ver, e as vezes, quero parar de sentir. Apenas parar...

E aqui, ainda faz frio.

4 comentários:

Anônimo disse...

Esse texto é muito pessoal, né.. só vc mesmo pra saber o que está sentindo, mesmo tentando explicar com palavras é terrivelmente difícil...
Vc falou do caos; o caos é tão terrível,né?! Mas o mais terrível é não conseguir explicar bem ao certo como é estar nele, pois não há como descrever esse estado...
Eu,particularmente,já me acostumei com o caos, pois sinto e vivo nele há muitos anos. E toda vez que surge um amor na minha vida, é como se eu tentasse negar, fugir, pois quando se está num abismo por tanto tempo, você se torna um abismo também... Pessoas como nós, no fundo, não amamos como as pessoas "normais" amam; nós amamos a vida, a potência da vida... E essa mesma potência que nos torna tão frágeis, com o psicológico tão incerto, podemos nos perder a qualquer momento. Será que alguém, um amor, vai nos tirar de lá?
Não sei... só sei que eu já me tornei abismo...

E você?


Aqui dentro também faz frio...

Do
"Leitor Anônimo".

Aqui também faz frio...

K. disse...

Se és, ou se somos abismos, o que acabamos por separar?? Nós mesmos?

Anônimo disse...

acho eu, sem muita certeza quanto a isso, é que nos separamos da vida, separamos do mundo para tentarmos criar o nosso próprio mundo, a nossa própria estética da existência. E separar-se das forças opressivas do mundo, dessa sociedade, é antes de tudo, formar um novo corpo, um novo sentido pra tudo isso (Artaud). E o preço é muito alto, é a luta, o confronto agonístico de si consigo próprio, e como resultado de tanta luta , caímos no abismo de nós mesmos... Porque as forças sociais e econômicas, nos jogam sempre pra fora, o externo, a aparência, o comportamento aceitável, a superfície do capitalismo: do ter pra aparentar ser, do querer ser pra aparentar ter (essa esquizofrenia toda que vemos no mundo); e quando rompemos isso e entramos pra dentro de nós mesmos, questionando esses valores, questionando as forças do fora que nos tortura tanto, entramos nesse caos todo. Nos perdemos no abismo e ao mesmo tempo nos confundimos com o abismo, com o vazio, com o silêncio, com a solidão. É algo dramático, terrível em alguns momentos, porém é tão bonito, tão singular e belo, pois é assim que nos tornamos nós mesmos, a nossa própria arte e o nosso próprio artista...

é isso. ou melhor, pode ser isso, ou talvez nem seja... rssss

Do
"Leitor Anônimo".

Anônimo disse...

As estrelas são explosões constantes de algo que transcende o que olhos humanos podem ver, nem Deuses, nem Demônios podem deter o explodir da alma.

Só o afogamento pode obstaculizar a explosão de um sentimento, e, afoga-se aos poucos porque aquilo que explode é intenso, é além, além do que letras dizem.

B.