terça-feira, 2 de agosto de 2016

Poema ao melhor amigo do homem

Se o tempo é invenção de bicho-homem
decreto desde ontem
e de anteontem
e de mais anteontens ainda,
a prescrição do calendário,
e seja ele a sombra dissidente
da sua presença,
meu caro amigo, lendário.

Que agosto nunca chegue,
julho nunca termine
e o tempo suspenso
seja apenas rima,
brinquedo velho
nas mãos de uma menina.
(ou ainda na boca,
na sua boca, cheia de dentes afiados,
como uma doce paparoca).

Para que esses dias de dor
sejam expurgos da vida,
para que,
ano que vem, ainda mais
não seja a despedida que se lembre,
e sim a sua selvageria,
a sua bagunça,
a de todos os animais.

4 comentários:

Anônimo disse...

https://www.youtube.com/watch?v=iyYiDix-aXk

K. disse...

Obrigada pela música, adoro La Rue Kétanou e fazia tempo que não ouvia!

Anônimo disse...

É a rua que é nossa

K. disse...

É a rua de um coração dançante.