terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Nota apertada

Estreiteza: mil frases nas pontas dos dedos, mil palavras à esperar pronúncia.
O que consigo é silêncio.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

E a angústia... o verdadeiro alimento da alma

E fumava o cigarro tranqüilamente, não pensava, sentia. Com se sente a dor de estar vivo, a vida partida ao meio; o reflexo no espelho, apesar de mudo, lhe fazia a mesma indagação: o que aconteceu? Talvez só o tempo que voltou, aos tempos de angústia discriminada e insensata. A grande alegria da manhã não lhe bastava, egoísta que era... talvez apenas desejasse novos horizontes... como o peregrino perdido no meio do deserto, talvez desejasse não desejar um rumo. A vida sem existência; não compreender é uma sorte, mais quem realmente compreende?
O espelho, apesar de inerte, também abriga a vida, e os outros através dele, conseguem descobrir o seu âmago, olhando ao fundo do seus olhos – os olhos do espelho, que mesmo mudos, falam em alto e bom som... mas é como se sussurrassem: acorde do sonho da vida. Naquele espectro de irrealidade que somente ele carrega, mais que ela, naquele momento, conseguia pressentir e sentia que poderia carregá-lo para o resto da vida. A mesma sensação, em horas obscuras: o que aconteceu?

Ou então, o que mudou? Que não poderia mais continuar, nem o mesmo caminho, nem ser a mesma pessoa, muito menos sentir as mesmas sensações com as mesmas pessoas. Só a sensação do cigarro lhe era familiar. Entretanto, nada familiar, porque nem a sua família lhe era familiar, menos o cachorro, tão íntimo do espelho, que descobria o âmago dela, através dele... sem que ela desconfiasse.
Perplexa de si, querendo esmagar-se, ou esmagar a angústia, a indagação, o vício pelo cigarro... o que aconteceu??

Muda de si.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sai desse sufoco rapaz...
Até parece que tem o corpo oco, fazendo de si uma cidade.
Como que de valente fez da própria trajetória uma história,
Sem se importar se havia afinal alguma vitória.
Porque nem a existência possui finalidade!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Coração capital

No cais o cálculo da cabana.
(Cigana!!)
O corpo com carícia,
(Malícia...)
cabelos, curvas... à cabeça, a cachaça.
(que logo rechaça,)
Como se cordialmente conceituasse: contorno.
(pensando retorno,)
Compondo o canto, ao capítulo do conto.
(PONTO!)
Como se a calamidade caiasse a calmaria, culminando cà no calabouço.
(Por isso eu ouço...)
Coração.
(Pede perdão)
Caótico. Caos, confusão.
(logo de antemão!!!!)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Nota Triste n. 2

O que requer mais coragem: viver ou morrer?
Porque não só desejar a morte, aos 10 anos de idade, mas recorrer efetivamente à ela não é normal.

ps: porém, me recordo, dentre meus 6-8 anos, em certos momentos já desejava a morte.

Nota Triste n. 1

O cotidiano comprime: nos enchemos de direitos e nem sequer conseguimos vivênciá-los plenamente.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mediocridade e Não precisa fazer sentido!

E a vida sem arte é como arte sem vida. Parece não possuir cor, e um arrombo assola a alma, espaço que não consegue ser preenchido... nem dinheiro, nem sexo, e nem gula. É como o pintor que se acomete de Parkinson, bloqueio gigantíssimo que trava a sensação de tempo, como se o disco rodasse, mais o som não sai da vitrola... e não basta trocar o disco. Dá-se um paradigma ao próprio paradigma, bobagem metafísica, nada consola o coração, e quando isso ocorre, que vá pro espaço a razão iluminista

Como partir para a paralaxe? Mudar-se a posição não se mostra fácil, e o até o infinito sem arte é um erro... mesmo na infinita paralaxe a arte é a arte, é o que o meu coração me diz, e ele prefere música e amor até a madrugada.

domingo, 18 de setembro de 2011

Parece que a precipitação sempre lhe ocorre. E o precipitar é sempre inoportuno. Coincidências do acaso, mas sempre quando precisou gritar, sair correndo ou enfrentar a fera, a precipitação era pra seu precipício interior, o que no mundo, o reflexo acaba sendo o seu silêncio. E em horas assim calar-se acaba sendo tão inoportuno quanto a precipitação.
E, por fim, quis grudar-se à terra, como se fosse só raiz, e desaparecer como qualquer poeira. Mas ao acreditar que toda matéria é vida, percebe-se que a poeira também se acomete do sofrimento, e mesmo que desapareça, para ela, sempre estará em algum lugar.

17 de julho de 2011