O nosso ritual já nos é conhecido, do soar da campainha até o ultimo adeus. Contudo, cada vez que nos encontrados é novo fôlego, nova alma, transcendemo-nos. Lembro-me de cada toque, palavra e respiração, que são os mesmos em cada novo encontro, e tão diferentes toda vez que os sinto. Quando me envolves o mundo separa-se ao meio, como se não fosse mais nada, como se ao nosso redor ecoasse um grande vácuo onde apenas escutamos o nosso som de êxtase. Suas mãos tão firmes e sua boca tão doce e voraz, é a nossa tempestade que dá toque surreal as fantasias de ilha deserta, e o vinho que nos enche de uma paixão maior do que imaginávamos, e aquela água a nos encher de mais energia... mergulhamos em nós mesmos.
Os corpos a se envolverem, a pele a arrepiar, os toques de sadismo, línguas e dentes e salivas e unhas e puxões de cabelos e todos frenéticos a exalar aquele cheiro de nossas peles, aquele cheiro que deixamos incrustado no colchão, nos lençóis, nas roupas e até no olhar... E o suor, os líquidos de nossos corpos e até o sangue. A nossa dança e os movimentos lentos... lentos, até se tornarem rápidos, bruscos... e cada encaixe perfeito, mostrando que somos a imanência da perfeição, da loucura, do desejo e do amor. Somos a divindade. E no fim, pergunto-me então, como?, se somos apenas homem e mulher...
Ps: texto de 2010, reencontrado e editado hoje!!
Um comentário:
Texto muito lindo...
Transcender pela imanência, soa muito deleuzeano.
Um texto com muitos perceptos, percepções e sei lá-mais-o-quê.
Adoro tudo que transforma a palavra em estilo!!!
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