quinta-feira, 3 de maio de 2012


Não, não...
não sou eu quem tem medo da solidão!
Pois é minha companheira nas horas de imensidão!
Por favor meu amigo, meu irmão, 
não critique este chavão:
quem tem medo da solidão,
tem medo do próprio coração!

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, achei muito bonito isso... "quem tem medo da solidão,
tem medo do próprio coração!"

Essa associação entre solidão e coração que você fez, me lembrou de um mito gnóstico antigo que diz que o centro de irradiação divina, o microcosmo, está no coração (físico) de cada pessoa. Segundo a lenda, quando um grupo de seres divinos (nós) nos tornamos egóicos, pois quisemos ser independentes, senhores criadores, separamos do grande macrocosmo, ou união do Todo; houve a queda divina, uma grande explosão cósmica, a separação (Big Bang?) do Todo, Uno; e assim surgiu o universo decaído. Esse Universo assou a ser regido por Cronos, o tempo que tudo consome, regido pelas forças do devir, da mudança constante, da matéria bruta, dos átomos etc. Mas, felizmente, todos os seres decaídos ficaram com uma parte dessa divindade, e através do amor supremo do Uno, de "Deus", surgiu o processo de retorno, o retorno à casa do Pai dos filhos pródigos. E segundo os gnósticos, o que faria despertar o microcosmo localizado no coração, era a sensação de solidão, de saudade, a lembrança que pertencíamos a outro lugar, outro mundo. Essa mesma sensação que temos quando olhamos as estrelas à noite, parece que não somos daqui, somos de outro mundo, pertencemos a outro lugar.

Então, quando vc escreveu sobre o coração e a solidão, algo me tocou nesse sentido, pois a solidão que eu imagino, é a sensação e a força que move o coração - o centro de força criador do espírito - para tentar quebrar essa roda de karmas que seguimos há tanto tempo.

A arte em estado puro, segundo os gnósticos (Jacob Böhme), a arte em estado direto de contemplação pura entre a pessoa e as forças caóticas do universo, da vida (que é a poesia que vc faz, as pinturas, a sua tentativa de se singularizar na criação, e não nas forças sociais e econômicas do mundo) que ajudam no retorno ao Uno.

Interessante como lembra Jung (que vc citou no texto passado) quando diz que todos nós somos forças guiadas pelos arquétipos, ou seja, na sua poesia você pensou algo que os gnósticos há muito tempo falaram...

Talvez é o seu retorno à casa do Pai...rsss

Não sei se você concorda com isso, talvez nem seja questão de concordar ou não, mas é a beleza do mito, a beleza que você tentou criar.

Aguardo novos textos...


Do

"Leitor Anônimo".