Tantos nomes, tantos corações, amar as pessoas como se não houvesse amanhã, Renato? Sim, meu coração é maior que o mundo, Raimundo, compreende uma gama de paixões, emoções e amores... Mas o mundo não é tão grande assim, e nem eu sou. Sou mísera partícula em constante choque com o universo. O que é um grande caos, que, por sua vez, não gera estrela alguma. Ao menos nunca vi uma, Sr. Filósofo. Só tento a pensar que todo o caos tende a explodir, e após as explosões o que acontece? O nada surge com sua grande resposta. Mas desta resposta eu não preciso.
Sim, eu amo esse caos e vivo, sem dúvida, mais internamente do que externamente, é lindo o Jung dizer coisa parecida, mas a beleza não salva porra nenhuma não, caro Russo, e com o perdão da palavra. Estou acordada para o sonho da vida, mas quem irá me acordar do meu sonho da alma? Será que é apenas um sonho, o tempo, o tempo... águas que inflamam, cegam, e no final surge uma flor? Não. É como a cegueira branca de Saramago, traz o caos ao seu extremo, e no final é tudo lixo e destruição que se vê. Mas eu não quero ver, e as vezes, quero parar de sentir. Apenas parar...
E aqui, ainda faz frio.