sábado, 8 de dezembro de 2012

...suspiros. Estar em uma prisão sem grades... cerrar barras de ferro invisíveis! O pesadelo é a realidade, e o sonho, loucura. O próprio caminho é uma maldição. Será tão difícil assim alguém entender que o outro anseia por vida?? Perguntou-me porque as barreiras são tão sólidas e há tanta distorção. E o tempo, fiel inimigo, não passa. 
Sempre as mesmas pilhérias, sempre as mesmas redundâncias, sempre o mesmo medo. Tudo sempre igual, mesmo quando tudo muda. 
Sempre reclamações. 
Houve tempo em que elas não haviam? Difícil recordar, talvez porque, realmente, não houve, mesmo que ela tente enganar-se.
Solidão no meio de muitos: clichê. Procurando-me, procurando por ajuda, mas auxílio, da minha parte, de parte alguma, não há. 
No que eu poderia ajudar? Ninguém pode dizer a ela o que fazer. Ninguém pode lutar por ela. 
Nas contas, o fim, sempre estará só, mesmo que eu lhe diga, estou contigo. Mesmo que outro então, a pegue no colo...  Felicidade é um sentimento que ela renega, mesmo tentando buscá-la, incansavelmente. 
Apenas nostalgia em seu coração, não consigo alcançar.
Um dia, conseguirei? 

domingo, 18 de novembro de 2012

"A arte existe para que a verdade não nos destrua", acho que essa frase nunca fez tanto sentido... poder me alimentar de arte em momentos como este, se tornou imprescindível! Observar, escutar, olhar, ler e produzir arte: parar e reparar que o mundo não é tão feio assim. Mesmo sabendo que a sociedade é pobre, justamente por ser o vômito de um deus cego, saber que seus indivíduos são capazes de tamanha beleza.
Quando a palavra de ordem é destruição e nós teimamos em não aceitar a mudança, quando nossos alicerces são tão frágeis quanto nós e ameaçam ruína, ao mesmo tempo que precisamos arriscar independência dos mesmos. Mas todos nós, sempre, precisamos de apoio. 
Quando não há saída, ou não se pode enxergar uma. 
Quando a verdade é tão feia e rude, que o primeiro instinto é apatia e negação. 
Quando a vida reclama vida.
É aqui que ela se torna realmente linda e tão mais sublime, quando o coração dói tanto que grita: vida! Observar a arte da vida e a vida arte, isso é manter o pulso firme. 
"To be a rock and not to roll..."

domingo, 4 de novembro de 2012

Será possível realmente conhecer alguém, mas principalmente, será possível poder verdadeiramente confiar em alguém? Porque os outros só existem, para nós, enquanto existem em nossa consciência  sendo que, em concreto, suas existências vão além...
Conhecer todas as faces e facetas de alguém, em todo o seu íntimo ser, quando, nem mesmo, conhecemos nossos próprios abismos, até que possamos cair neles.
Como podemos confiar estes abismos secretos de nós mesmos, sem pilhérias, sem mesquinharias, se os outros vivem além de nós??


(escrita contaminada pela leitura de Simone de Beauvoir - de 09.10.2012)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Menina-muda

Era uma vez a Menina-muda. Ela sabia falar com precisão e voz muito doce, mas não o fazia.
Falar lhe era desgostoso. Não porque as palavras eram insuficientes, como a muitos parecia, era precisamente porque vivia só, e para si.
As pessoas, os fatos... o mundo, só existiam no íntimo do seu ser, falar era negar essas existências.
Assim que as palavras desvaneciam, seu mundo deixava de existir.
Pensava: "Falo, logo não existo".

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Apesar da misantropia, não raras vezes, aguda, uma das atividades mais prazerosas, sem dúvidas, é observar este estranho animal, denominado ser humano! Principalmente quando acaba-se se conhecer um. 
Um só homem é capaz de tantos matizes.
Exemplo a ser dado é o qual tive o fortúnio de observar por horas. Figura um tanto rústica, queimado de sol, tal como um trabalhador rural, ou então, tal como alguém que vive à beira do mar. Mãos grossas e fortes. Cicatrizes pelo corpo, e quase imperceptíveis, na face.
O que lhe teria acontecido pela vida, para adquirir tal forma? Para mim, tão contrastante, tanto do meu lócus, meu desassossegado ponto de vista, quanto do seu ambiente de trabalho: um salão de beleza. Não que fosse espantoso, não que eu esperasse uma figura feminina, mas era acima de tudo surreal: sua personalidade. 
Mulheres e cabeleireiros (como ele) circulavam, preocupados apenas com a própria imagem, com o ideal de beleza tão perseguido. Lendo revistas de moda. Falando sobre isso. 
Foi assim que o espanto maior veio.
O meu objeto de análise, tão rústico, contrastante, cabeleireiro... era tão doce e sereno. Um sorriso de paz.         Era o caos do Universo fazendo sentido. 
Surpresas assim são sempre bem-vindas. A pena é, poucos seres humanos são capazes de tão fina e singela mágica. 


(Texto de 26 de agosto de 2012 - modestas impressões)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Microconto

Era dia, acordou, viu a lua, e dormiu sorridente.

domingo, 5 de agosto de 2012

Sobre alegria e pássaros...

Uma andorinha, só, não faz verão, mas três fizeram primavera do meu dia...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Nota: nosce te ipsum

Se, segundo Allen, 'a coerência é o fantasma das mentes pequenas', vou inflar meu ego: hoje descobri que posso ser tão incoerente, a ponto de não me entender em mais nada, é um desconcerto alegre.