sabe... a minha;
preocupa-me deveras...
quarta-feira, 18 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
Poema da Entrega
Entrego-me inteiriça sobre tuas mãos,
como um cordeiro entregue a seus deus
em sacrifício;
porque de mim, nada serei sem ti.
É melhor ser morte e imolação
do que secar incólume,
junto as folhas, no triste outono.
Saberei escorrei meu sangue em seu corpo
para que o ciclo não se quebre, e
com o fim desta vida terrena
possa renascer o nosso amor.
E, enfim, quando chorares minha perda, esganecido,
veja como na morte a vida se completa e surge,
num eterno retorno de águas.
como um cordeiro entregue a seus deus
em sacrifício;
porque de mim, nada serei sem ti.
É melhor ser morte e imolação
do que secar incólume,
junto as folhas, no triste outono.
Saberei escorrei meu sangue em seu corpo
para que o ciclo não se quebre, e
com o fim desta vida terrena
possa renascer o nosso amor.
E, enfim, quando chorares minha perda, esganecido,
veja como na morte a vida se completa e surge,
num eterno retorno de águas.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Inconsistente-me.
Ouvir a vida ao som do seu coração, tão certo, tão ritmado, tão livre nas suas prisioneiras batidas.
Quem sabe, poder tocá-los com minhas próprias mãos desencarecidas, sentir o pulsar de sua carne em meio as minhas unhas: coração e vida, para talvez sentir-me mente e lucidez, para talvez recuperar o brio, que ébria de morte, já perdi.
Recuperar meu próprio sangue em tua carne! Remexer as entranhas para supor alma enquanto mortal. Para enfim, supor a vida, alguma vida, qualquer vida... que reste neste miocárdio que tão lentamente insiste em aniquilar-se.
Quero escalar e escaldar a sua pele, descobrir cada filete de carnes, nervos e memórias. Quero reinventar o conceito dos teus orgãos, achar uma nova razão de ser para seus intestinos: alimentar-me jamais; e nova também para teus membros, embebedar-vos de prazer ligeiro e comovente, como a doce primavera da infância que nunca retornará, esquecendo-me, como sensação, inteira. E para teus miolos, ao invés de guardar, que sejam apenas vibrações para a completa distração e lapso.
Queria ouvir-te o que é terreno, sublime e breve, como um corpo que apodrece para o esquecimento.
domingo, 10 de abril de 2011
Sobre cantigas de escárnio e de maldizer de la modernité...
Vivendo nos interstícios é que a mosca do escárnio se acopla, não é nem animal, nem objeto. Nunca esta a posse. É posse. Suga-lhe as diretrizes auriculares da vida. Em sem perceber o sujeito renega-se a própria vida, em causa do maldizer alheio.
- Tira essa película cinza escárnio dos teus olhos. As teias que prendem são lançadas por ti mesmo. Zombaria-se dos outros, pobre lúdico; seu desejo é sua própria maldição. Pútrido!
sábado, 5 de março de 2011
Enquanto vocês dormem
Se vocês soubessem como esta noite está diferente. São três horas da madrugada, estou com uma de minhas insônias. Tomei uma xícara de café, já que não ia dormir mesmo. Botei açucar demais, e o café ficou horrível. Ouço o barulho das ondas do mar se quebrando na praia. Esta noite está diferente porque, enquanto vocês dormem, estou conversando com vocês. Interrompo, vou até o terraço, olho a rua e a nesga da praia e o mar. Está escuro. Tão escuro. Penso em pessoas de quem gosto: estão todas dormindo ou se divertindo. É possível que algumas estejam tomando uísque. Meu café então se transforma em mais adocicado ainda, em mais impossível ainda. E a escuridão se torna tão maior. Estou caindo numa tristeza sem dor. Não é mau. Faz parte. Amanhã provavelmente terei alguma alegria, também sem grandes êxtases, só alegria, e isso também não é mau. É, mas não estou gostando muito deste pacto com a mediocridade de viver.
Clarice Lispector - 18 de maio de 1969
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Transcendendo à Imanência.
O nosso ritual já nos é conhecido, do soar da campainha até o ultimo adeus. Contudo, cada vez que nos encontrados é novo fôlego, nova alma, transcendemo-nos. Lembro-me de cada toque, palavra e respiração, que são os mesmos em cada novo encontro, e tão diferentes toda vez que os sinto. Quando me envolves o mundo separa-se ao meio, como se não fosse mais nada, como se ao nosso redor ecoasse um grande vácuo onde apenas escutamos o nosso som de êxtase. Suas mãos tão firmes e sua boca tão doce e voraz, é a nossa tempestade que dá toque surreal as fantasias de ilha deserta, e o vinho que nos enche de uma paixão maior do que imaginávamos, e aquela água a nos encher de mais energia... mergulhamos em nós mesmos.
Os corpos a se envolverem, a pele a arrepiar, os toques de sadismo, línguas e dentes e salivas e unhas e puxões de cabelos e todos frenéticos a exalar aquele cheiro de nossas peles, aquele cheiro que deixamos incrustado no colchão, nos lençóis, nas roupas e até no olhar... E o suor, os líquidos de nossos corpos e até o sangue. A nossa dança e os movimentos lentos... lentos, até se tornarem rápidos, bruscos... e cada encaixe perfeito, mostrando que somos a imanência da perfeição, da loucura, do desejo e do amor. Somos a divindade. E no fim, pergunto-me então, como?, se somos apenas homem e mulher...
Ps: texto de 2010, reencontrado e editado hoje!!
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Da posse inútil e de querer alguém.
Entre o vazio e o inócuo,
no limiar,
o nada e o além;
sempre aonde,
o objeto se encontrará.
De sua essência doce
e caráter inútil,
uma contestação do óbvio:
é meu.
E tornando-se o objeto seu,
na sua inocente posse
existe apenas ausência,
outrossim, ausência de calma.
No limiar, tornar-se-á limiar,
da posse do objeto tornar-se-á objeto,
novamente entre o nada e o além,
pronto para ser contestado.
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